quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Realidade Popular

No Brasil, há cerca de 24,5 milhões de cadeirantes e por mais que o país se mostre pronto para seguir com algumas limitações, o que vemos é que, quando o assunto é "sério mesmo", as coisas não são bem assim. Nosso país tem muito mais limitações do que aparece na mídia e muito mais do que se imagina quando não vamos atrás do que realmente acontece.



Kal Souza ( Deficiente Físico)


Confira agora uma entrevista com o cadeirante Kal Souza.

Dhyne Paiva: Kal, a quanto tempo você é, e o que te tornou cadeirante?
Kal Souza: Sou cadeirante a 37 anos. Me tornei cadeirante com 1 ano de idade, devido a poliomelite (popular paralisia infantil), que afetou minhas pernas e o meu braço esquerdo.

Dhyne Paiva: Você já sofreu algum tipo de preconceito por causa da paralisia?
Kal Souza: Abertamente não. Mas... Tem aqueles preconceitos, talvez até cometidos de modo inconsciente pelas pessoas, tipo, achar que por você estar em uma cadeira de rodas, você é intelectualmente incapaz de responder a perguntas sobre si mesmo, sendo necessário perguntar ao meu acompanhante e, as vezes esse preconceito involuntário acaba sendo o pior, porque a própria pessoa não sabe que isso também é um preconceito.

Dhyne Paiva: No seu cotidiano, qual a principal dificuldade devido a paralisia?
Kal Souza: Eu posso me considerar um cadeirante privilegiado. 
Tenho amigos e familiares maravilhosos, que me ajudam além da conta.
Tenho alguns recursos para ter uma vida relativamente independente. Mas... Posso dizer que no geral, para todo o cadeirante, a pior dificuldade é ter seu direito de ir e vir assegurado e falo não somente nas ruas e calçadas mas também em vários lugares, como por exemplo, áreas de lazer, que muitas vezes, mesmo sendo públicas, não tem acesso e muito menos estrutura para nós.

Dhyne Paiva: Hoje em dia, a mídia vem retratando mais o assunto. O que você acha disso?
Kal Souza: Se for retratado de um modo sério, mostrando o cotidiano de um cadeirante como realmente é, acho muito bom, pois, as pessoas terão uma ideia dos problemas enfrentados por nós e , assim, mudar seus conceitos. Mas, tem que ser sem aquele negócio exagerado de sermos "pessoas especiais", eternos alvos de auto piedade ou saindo da cadeira de modo milagroso para se ter um final feliz.

Dhyne Paiva: O que você diria para as pessoas que ainda não superaram o fato de serem paraplégicas?
Kal Souza: Procure viver sua vida sem ficar se lamentando, revoltado com as coisas que você não pode fazer e deixando as que você pode fazer passar batido.
Ser amargurado só tornaria a sua vida e a vida das pessoas que te cercam pior.
Não vou dizer que não haverá momentos de tristeza, todos nós temos os nossos motivos, devido a isso ou aquilo mas...eles não devem ser a regra!
Uma frase que eu li a algum tempo e que sempre me ajuda é a seguinte: 
" Estava chorando porque não podia comprar um sapato e vi uma pessoa sorrindo embora não tivesse os pés."
Todos nós temos as nossas limitações, que podem e devem ser vencidas ou adaptadas a nós.
A pior das limitações é aquela que você mesmo se impõe.


Visitem o blog de Kal Souza: http://mixemax.blogspot.com.br/

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